A esperança corresponde à aspiração de felicidade
existente no coração de cada pessoa. Interessante observar que quem perde a
esperança mais profunda perde o sentido de sua vida, e viver sem esperança não
tem sentido. O próprio antônimo dessa palavra é DESESPERO, ou melhor, a perda
quase que em estado definitivo da esperança. O desespero é capaz de corroer o
coração.
A esperança é a vacina contra o desânimo, contra
a possibilidade de invasão do egoísmo porque, apoiados nela, nos dedicamos à
construção de um mundo melhor. A perda da esperança endurece nossos
sentimentos, enfraquece nossos relacionamentos, deixa a vida cinza, faz a vida
perder parte do seu sabor. No entanto, todos os dias, somos atingidos por
inúmeras situações que podem nos desesperar.
A esperança é o combustível da vida, a forma de
mantê-la viva é não prender os olhos nas tragédias; a cada desgraça que
contemplamos corremos o risco de perder combustível. Existe na mitologia grega
uma figura interessante chamada Fênix, que quando morria entrava em
autocombustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas. Essa ave, o
mais belo de todos os animais fabulosos, simbolizava a esperança e a continuidade
da vida após a morte. Revestida de penas vermelhas e douradas, as cores do Sol
nascente, possuía uma voz melodiosa que se tornava triste quando a morte se
aproximava.
A impressão causada em outros animais – por sua
beleza e tristeza – chegava a provocar a morte deles. Nossa vida passa por esse
processo várias vezes num único dia, ou seja, sair das tragédias para
contemplar a beleza que não morreu, a vida que existe ainda, como fazia essa
ave mitológica. Alguns historiadores dizem que o que traria a Fênix de volta à
vida seria somente o seu desejo de continuar viva, depois de completar
quinhentos anos elas perdiam o desejo de viver e aí, se morressem, não mais
reviviam. O desejo de continuar a viver era sua paixão pela beleza que é a
vida.
Vida sem sabor é uma vida sem perspectivas; quem
cansou de tentar, cansou de lutar, desistiu de tudo, uma vida que apenas espera
o seu fim por pensar que nada que se faça pode mudar coisa alguma. Quem perdeu
a capacidade de sonhar, o desejo de felicidade confundiu-se com a utopia.
Felizmente não existe motivo para desanimar, lembrando as palavras de São
Paulo: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). Não falamos aqui de qualquer
esperança, mas da autêntica esperança, que não se apoia em ilusões, em falsas
promessas, que não segue uma ilusão popular em que tudo se explica.
A esperança verdadeira, vinda de Deus, é uma
atitude muito realista, que não tem medo de dar às situações seu verdadeiro
nome e tem sempre Deus como fator principal. Não tem medo de rever as próprias
posições e mudar o que deve ser mudado. À medida que perdemos ilusões e
incompreensões temos o espaço real, no qual pode crescer a esperança, que nada
mais é do que a certeza de que tudo pode ser melhor do que o que já vemos, e o
desejo de caminhar na direção da vida, atraídos pela sua beleza, que no momento
pode somente ser sonhada, mas é contemplada pelo coração.
O homem pode ser resistente às palavras, forte
nas argumentações, mas não sobrevive sem esperança. Ninguém vive se não
espera por algo bom que seja bem melhor do que o que já conhece, que já possui
ou já experimentou. Deus alimenta nossa vida através da esperança!
Pe. Xavier – Canção Nova
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