Fortaleza
- De uma Mercedes vinho ano 1993, desce um senhor grisalho, vestindo uma camisa
verde militar e uma calça preta surrada. Ele cumprimenta algumas pessoas e
segue rumo a seu helicóptero.
A
bordo dele, voará por cerca de 2 horas sobre os arredores de Fortaleza, a fim
de vistoriar do alto alguns de seus principais empreendimentos: uma empresa de
cimento, um moinho de trigo, um dos maiores complexos turísticos da América
Latina, que está sendo erguido numa faixa de 12 quilômetros à beira da praia,
uma pista de pouso de 1800 metros, de onde sai seu avião Challenger 300,
avaliado em 20 milhões de dólares, e as aeronaves de outros empresários e
políticos da região e, finalmente, a sede da M. Dias Branco, a maior fabricante
de massas e biscoitos do país (Grupo de marcas como Fortaleza e Richester sic.).
O
homem discreto, entusiasmado com a própria descrição dos detalhes de seus
principais negócios, é o quase octogenário Francisco Ivens Dias Branco. Com uma
fortuna estimada em 3,8 bilhões de dólares, Ivens, como é mais conhecido,
passou a fazer parte da lista de bilionários da revista Forbes neste ano.
De
acordo com o ranking, é o nono homem mais rico do Brasil, com um patrimônio
superior ao dos banqueiros André Esteves e Pedro Moreira Salles e ao dos
empresários Elie Horn, dono da Cyrela,
e Rubens Ometto, presidente do conselho da Cosan. “Conseguir alguma coisa no
Ceará é como tirar leite de pedra”, diz Ivens a EXAME.
Ele
se refere à pobreza histórica da região, a um ambiente que por décadas foi
habitado por pouquíssimas grandes empresas — fatos que fazem de sua declaração
uma manifestação do próprio orgulho. Ivens conseguiu tirar leite de pedra
durante muito tempo, ganhou espaço com isso e aproveitou como poucos os sopros
de crescimento do Nordeste brasileiro nos últimos dez anos.
As
marcas da M. Dias Branco, seu principal negócio, já eram imbatíveis na região
quando multinacionais como Kraft e Nestlé começaram a montar suas fábricas e
investir agressivamente na região. Com os biscoitos Richester e os macarrões
Fortaleza, a empresa é líder, dominando metade do mercado local.
Nos
anos 90, o mais novo bilionário brasileiro da Forbes decidiu avançar para as
regiões Sul e Sudeste e, em 2003, comprou a tradicional marca Adria. Hoje, a M.
Dias Branco — com suas 12 fábricas, em sete estados — possui 25% do mercado
nacional de massas e biscoitos.
Nos
últimos oito anos, o faturamento da companhia triplicou, chegando a 2,9 bilhões
de reais. A rentabilidade, de cerca de 20% ao ano, continua bem superior à
média do setor, que varia de 5% a 8%, segundo os analistas.
Revista Exame
Revista Exame
0 comentários:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.